A osteomielite consiste em inflamação e destruição óssea causada por bactéria, micobactéria ou fungo. Os sintomas comuns são dor óssea localizada e alteração de sensibilidade com sintomas constitucionais. O diagnóstico é feito por radiografia e exames laboratoriais. O tratamento é feito com antibióticos e, por vezes, cirurgia.
Etiologia: Osteomielite
Pode ocorrer devido:
- Propagação contagiosa do tecido infectado ou de prótese articular infectada
- Organismos nascidos no sangue (osteomielite hematogênica)
- Ferimentos abertos (por fraturas expostas contaminadas ou cirurgia óssea)
Trauma, isquemia e corpos estranhos predispõem à osteomielite. A osteomielite pode se formar de úlceras por pressão profundas, por exemplo.
A propagação contagiosa de tecido infectado adjacente ou feridas abertas causa cerca de 80% das osteomielites, sendo muitas vezes polimicrobiana. Com Staphylococcus aureus representando mais de 50% do agente infeccioso nesta população. Tendo como outra bateria comum o estreptococo.
Osteomielite que é desencadeada devido disseminação do processo infeccioso é comum em pés (nos pacientes com diabetes e doença vascular periférica), locais de osso penetrado por trauma ou cirurgia, locais lesionados por radioterapia e ossos contíguos a úlceras por pressão, como quadris e sacro. Uma infecção nos seios, gengivas ou dentes pode se espalhar até o crânio.
Em geral, a osteomielite disseminada de forma hematógena resulta de um único organismo. Em crianças, bactérias Gram-positivas são mais comuns, afetando normalmente a metáfise da tíbia, fêmur e úmero. Em adultos, a osteomielite na sua forma hematógena costuma afetar as vértebras. Sendo os fatores de risco em adultos: idade avançada, debilidade, hemodiálise, anemia falciforme e uso de drogas injetáveis.
Fisiopatologia
A infecção causada na osteomielite oclui vasos sanguíneos locais, causando necrose óssea uma vez que interrompe aporte nutricional e de oxigênio na região, levando ao espalhamento local da infecção. A infecção pode se expandir ao longo do córtex ósseo espalhando-se sob o periósteo, com formação de abscessos subcutâneos que podem drenar espontaneamente através da pele. A osteomielite vertebral pode evoluir para abscesso paravertebral ou peridural.
Sinais e sintomas
Na osteomielite aguda, a infecção dos ossos das pernas e dos braços causam febre e dores no osso infectado. A área sobre o osso pode ficar hiperemiada, quente ou inchada, com piora da dor ao movimento. Podendo haver perda de peso e cansaço.
Pode se desenvolver osteomielite crônica se a osteomielite não for tratada com sucesso. Trata-se de uma infecção persistente podendo não ser detectável por um longo período, por não causar sintomas durante meses ou anos. Mais comumente, a osteomielite crônica causa dor óssea, infecções recorrentes do tecido mole sobre o osso e saída constante ou intermitente de pus através da pele. Essa drenagem ocorre quando uma passagem se forma entre o osso infectado e a pele.
Pacientes com osteomielite aguda de ossos periféricos geralmente têm perda ponderal de peso, fadiga, febre, calor localizado, edema, eritema e dor.
Osteomielite crônica provoca dor óssea intermitente (podendo durar meses ou até muitos anos), sensibilidade alterada e esvaziamento dos seios.
Diagnóstico
- Velocidade de hemossedimentação ou proteína C reativa
- Radiografias, RM ou cintigrafia radioisotópica
Radiografias são anormais apenas após 2 a 4 semanas, mostrando elevação do periósteo, destruição óssea e edema dos tecidos moles. Em vértebras podemos observar perda da altura do corpo vertebral ou diminuição do espaço do disco intervertebral adjacente infectado, além de destruição das extremidades dos platôs acima e abaixo do disco.
Se as radiografias forem equívocas ou os sintomas forem agudos, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) podem ser solicitadas. O ideal e quando houver suspeita de osteomielite seria realizar TC ou RM, uma vez que normalmente leva-se mais de 2 semanas para ser identificada pelas radiografias.
O diagnóstico bacteriológico é necessário para a otimização da terapia da osteomielite; biópsia óssea e aspiração ou desbridamento de abscessos promovem material para cultura e teste de sensibilidade ao antibiótico.
Tratamento
- Antibióticos
- Cirurgia para drenar abscessos, sintomas constitucionais, instabilidade espinal potencial ou osso necrótico
Cirurgia:
Se houver manutenção de sintomas como febre, indisposição, perda ponderal ou se grandes áreas do osso forem destruídas, o tecido necrótico precisa ser desbridado cirurgicamente.
Conforme a gravidade da infecção e mediante a resposta do paciente ao tratamento, a limpeza cirúrgica da área afetada pode ser o procedimento necessário para drenar abscessos, remover a região do osso danificada pela necrose e, por segurança, de parte do tecido saudável (técnica conhecida como desbridamento). Implantar enxertos para restaurar o fluxo sanguíneo é medida indispensável para a recomposição do osso lesado.
Quando o uso de antibióticos e a limpeza cirúrgica não apresentam o efeito desejado, a amputação do membro, ou de parte dele, é um dos recursos terapêuticos utilizados para evitar que a infecção se espalhe por diversos tecidos do organismo.
Os antibióticos de largo espectro podem ser continuados por mais de três semanas após a cirurgia.
FISIOTERAPIA
É de suma importância a atuação fisioterapêutica com o objetivo de minimizar as deformidades osteomioarticulares, com redução das queixas álgicas, promoção da funcionalidade e da qualidade de vida. Dentre as condutas, poderá ser utilizada a terapia manual (massoterapia e drenagem linfática), eletroterapia e cinesioterapia.
A atuação fisioterapêutica possui resultados positivos no tratamento das sequelas causadas pela osteomielite associada à artrite séptica. Os resultados descritos na literatura evidenciam redução da dor, ganho de amplitude de movimento do membro acometido e melhora da funcionalidade. Por isso ocorre a redução significativa da dependência dos dispositivos auxiliares de marcha.
Portanto, fisioterapia é indispensável para esses pacientes por promover independência, repercutindo ainda de forma satisfatória no aumento da confiança na realização das atividades e melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIAS:
- Costa, JL; Nascimento, ERS; Guimarães, ACL; Alves, CFS.. Atuação fisioterapêutica na osteomielite associada a artrite séptica. Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol.13| No. 2| Ano 2021| p. 2.
- 2015 Infectious Diseases Society of America (IDSA) Clinical Practice Guidelines for the Diagnosis and Treatment of Native Vertebral Osteomyelitis (NVO) in Adults: Includes evidence and opinion-based recommendations for the diagnosis and management of patients with NVO treated with antimicrobial therapy, with or without surgical intervention.
- Schmitt SK. Osteomyelitis. Infect Dis Clin North Am 31(2):325-338, 2017. doi:10.1016/j.idc.2017.01.010.
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Hawkshead JJ 3rd, Patel NB, Steele RW, Heinrich SD. Comparative severity of pediatric osteomyelitis attributable to methicillin-resistant versus methicillin-sensitive Staphylococcus aureus. J Pediatr Orthop 2009;29:85–90.
Obrigada faz 2anos que amputei por ostiomelite não apresentava febre só muitas dores horríveis hoje tenho dores fantasma